domingo, 12 de junho de 2016

O que fazer em uma crise epiléptica?

Quando um paciente tem uma crise de epilepsia, é normal desmaiar e ter convulsões, que são contrações violentas e involuntárias dos músculos, o que pode levar o indivíduo a ficar se debatendo e salivando e mordendo a língua e, geralmente, as crises duram, em média, entre 2 a 3 minutos, sendo necessário:


  • Colocar a vítima de lado com a cabeça para baixo, que é conhecida por posição lateral de segurança, como mostra a imagem 1, para respirar melhor e evitar se engasgar com a saliva ou vômito;

  • Colocar um apoio em baixo da cabeça, como um travesseiro ou casaco dobrado, para prevenir que o indivíduo bata a cabeça no chão e cause algum traumatismo;
  •   Desapertar roupas muito apertadas, como cintos, gravatas ou camisas.
  • Não segurar os braços ou pernas, para evitar roturas musculares ou fraturas nem se machucar devido aos movimentos descontrolados;
  • Retirar objetos que estejam próximos e possam cair em cima do paciente;
  • Não colocar as mãos nem qualquer objeto na boca do paciente, pois pode morder os dedos ou se engasgar;
  • Não dar de beber nem comer pois o individuo pode asfixiar;
  • Contar o tempo que dura a crise de epilepsia.

Além disso, quando ocorre uma crise de epilepsia é importante ligar para o 192, para ser levado ao hospital, principalmente caso dure mais do que 5 minutos ou se repita.
De forma geral, um epilético que já conhece a sua doença possui um cartão informando a sua condição com dados sobre o medicamento que toma habitualmente, como Diazepam, o telefone do médico ou familiar que deve ser chamado e até mesmo o que fazer em caso de crise convulsiva.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Vídeos Relacionado ao Assunto.

















Vídeo 2- Epilepsia, crise de ausência.

Vídeo 1- Papo mãe, epilepsia.
Mitos e Verdades

1. A epilepsia é uma doença contagiosa – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica não contagiosa. Portanto, qualquer contato com alguém que tenha epilepsia não transmite a doença.

2. Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa – MITO

Durante uma crise o ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir.

3. Toda convulsão é epilepsia – MITO

A crise convulsiva é uma crise epiléptica na qual existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia.

4. Epilepsia é uma doença mental – MITO

A epilepsia é uma doença neurológica, não mental.

5. Os pacientes com epilepsia não podem dirigir – MITO

Segundo a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, o paciente com epilepsia que se encontra em uso de medicação antiepiléptica poderá dirigir se estiver há um ano sem crise epiléptica – dado que deve ser apresentado através de um laudo médico. Caso o paciente esteja em retirada da medicação antiepiléptica, ele poderá dirigir se estiver há no mínimo dois anos sem crises epilépticas e ficar por mais seis meses sem medicação e sem crise. Já a direção de motocicletas é proibida.

6. É possível manter a consciência durante uma crise de epilepsia – VERDADE

Sim, é possível. A manifestação clínica da crise epiléptica relaciona-se com a área do cérebro de onde a crise é gerada. As crises epilépticas APRESENTAM-SE de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono.

7. O estresse é um fator desencadeador de crises de epilepsia – VERDADE

O estresse é um dos fatores que pode deflagrar uma crise epiléptica.

8. Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises – VERDADE

Cerca de 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle.

9. A epilepsia pode acometer todas as idades – VERDADE

A epilepsia acomete desde o período neonatal até o idoso, e pode ter início em qualquer período da vida.

10. O paciente com epilepsia pode ter uma vida normal – VERDADE

Pacientes com epilepsia, desde que controlados, podem e devem ser inseridos completamente na sociedade, ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes, se divertir.

Fármacos Antiepilépticos

Os fármaco antiepilépticos são usados para tratar a epilepsia, bem como alterações convulsivas não epileptiformes. Os pacientes com epilepsia geralmente precisam usar medicamentos continuamente por muitos anos e, portanto, é particularmente importante que evitemos os efeitos adversos. Há claramente a necessidade de fármacos mais específicos e eficazes, e vários fármacos novos foram recém-introduzidos para o uso clínico. Os antiepilépticos incluído há muito tempo incluem fenitoína, carbamazepina, valproato, etossuximida e fenobarbital, juntamente com vários benzodiazepínicos, como diazepam, clonazepam e clobazam. Fármacos mais modernos incluem vigabatrina, gabapentina, pregabalina, lamotrigina, felbamato, tiagabina, topiramato, levetiracetam, oxcarbazepina, zonisamida rufinamida. De modo global, os fármacos mais recentes apresentam menor probabilidade de apresentar interações farmacocinéticas com outros fármacos e apresentam menos efeitos adversos.

FENITOÍNA
Apesar de seus muitos efeitos adversos, e comportamento farmacocinético imprevisível, a fenitoína é amplamente usada, sendo eficaz em várias formas de crises parciais e generalizadas, embora não em crises de ausência, que podem até piorar.

Efeitos adversos
os efeitos mais leves incluem vertigem, ataxia, cefaleia e nistagmo, mas não sedação. a fenitoína também tem sido implicada como causa de aumento de incidência de malformações fetais em crianças que nasceram de mãe epilépticas, particularmente a ocorrência de fenda palatina.


VALPROATO

Inibe a maioria dos tipos de convulsões induzidas experimentalmente e é eficaz em muitos tipos de epilepsia, sendo particularmente útil em certos tipos de epilepsia infantil, nos quais sua baixa toxicidade e sua falta de ação sedativa são importantes, e em adolescentes que exibem tanto crises tônico-clônicas ou mioclônicas como crise de ausência, porque o valproato também é usado em afecções psiquiátricas, como doença depressiva bipolar.


Efeitos adversos
adelgaçamento e encrespamento dos cabelos em cerca de 10% dos pacientes. O efeito adverso mais grave é a hepatotoxicidade. O valproato é teratogênico, causando espinha bífida e outros defeitos do tubo neural.


FENOBARBITAL

Sua ação em convulsões experimentalmente induzidas e formas clínicas de epilepsia, assemelha-se muito á da fenitoína; afeta a duração e a intensidade das crises artificialmente induzidas, e não o limiar crítico, sendo ineficaz no tratamento das crises de ausência. Hoje em dia, raramente é utilizado na clínica devido a sedação.


Efeitos adversos
O principal efeito adverso do fenobarbital é a sedação, que costuma ocorrer em concentrações plasmáticas dentro da faixa terapêutica para controle das crises. Outros efeitos que podem ocorrer em dosagem clínica incluem anemia megaloblástica, reações leves de hipersensibilidade e osteomalácia.

BENZODIAZEPÍNICOS

Os benzodiazepínicos podem ser utilizados para o tratamento de convulsões agudas, especialmente em crianças -- diazepam, geralmente administrado por via retal, quanto para o estado de mal epiléptico. Como  a maioria dos benzodiazepínicos, o efeito sedativo é pronunciado demais para que seja utilizado na terapia antiepiléptica de manutenção, e ocorre o desenvolvimento de tolerância após 1-6 meses. O clonazepam é único entre os benzodiazepínicos em que em adição à sua atuação sobre o receptor GABAa, ele também inibe os canais de cálcio do tipo T. Tanto ele quanto o composto relacionada clobazam são considerados relativamente seletivos como antiepilépticos. A sedação é o principal efeito adverso desses compostos, e um problema adicional pode ser a síndrome de abstinência, que resulta em exacerbação das crises convulsivas se o fármaco for interrompido abruptamente.


-----------------------------------------Fármacos mais modernos-------------------------------------

VIGABATRINA
Sua principal ação consiste em inibir irreversivelmente a enzima GABA-transaminase. A suspensão deste medicamento deve ser feita de forma gradual, pois se for realizado de maneira abrupta ocorre o risco de convulsões. Seu mecanismo de ação consiste em inibir irreversivelmente a enzima GABA-transaminase. A vigabatrina pode causar depressão, e ocasionalmente alterações psicóticas e alucinações, em uma minoria dos pacientes.


GABAPENTINA
A gabapentina é eficaz nas crises parciais. Seus efeitos adversos ( principalmente sedação e ataxia) são menos intensos do que com muitos antiepilépticos. A absorção da gabapentina no intestino depende do sistema transportador de aminoácidos e mostra propriedade de saturabilidade, que significa que aumentar a dose não aumenta proporcionalmente a quantidade absorvida. Isto torna a gabapentina relativamente segura e livre de efeitos adversos associados a superdosagem. Como estes fármacos são eliminados inalterados na urina, precisam ser usados com cuidado nos pacientes cuja função renal esteja comprometida.

TOPIRAMATO
Seu espectro de ação assemelha-se ao da fenitoína, e afirma-se que produz efeitos adversos menos intensos, além de ser desprovido das propriedades farmacocinéticas que causam problemas com a fenitoína. Atualmente, é usado sobretudo como terapia complementar em casos refratários de epilepsia.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Epilepsia- Mecanismo de ação dos antiepilépticos

MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIEPILÉPTICOS 

Três mecanismos principais  parecem ser importantes na ação dos antiepilépticos:

  • Potencialização da ação do GABA
  • Inibição da função dos canais de sódio
  • Inibição da função dos canais de cálcio.
Potencialização da ação da GABA

Vários antiepilépticos ( p. ex., fenobarbital e benzodiazepínicos) potencializam a ativação dos receptores GABAa, assim facilitando a abertura dos canais de cloreto mediados pelo GABA. A vigabatrina atua inibindo a enzima GABA transaminase, que é responsável pela inativação do GABA, e a tiagabina inibe a captação de GABA; ambas, portanto, potencializam a ação do GABA como transmissor inibitório. A gabapentina foi elaborada como agonista dos receptores GABAa, mas ironicamente mostrou ser antiepiléptico eficaz, apesar de ter pouco ou nenhum efeito sobre os receptores GABA ou sobre o transportador.

Inibição da função dos canais de sódio

Vários do mais importantes antiepilépticos (p. ex., fenitoína, carbamazepina, valproato, lamotrigina) afetam a excitabilidade da membrana por ação sobre os canais de sódio dependente de voltagem, que levam a corrente de entrada necessária para a geração de um potencial de ação. Bloqueiam preferencialmente a excitação das células que estão disparando repetitivamente e, quanto mais alto a frequência dos disparos, maior o bloqueio produzido. Esta característica, relevante para a capacidade dos fármacos de bloquearem a descarga de alta frequência que ocorre em uma crise epilépticas sem interferir indevidamente nos disparos de baixa frequência dos neurônios no estado normal, origina-se da capacidade dos fármacos bloqueadores de descriminarem canais de sódio em estados de repouso, aberto e inativo. Os antiepilépticos ligam-se preferencialmente aos canais no estado inativado, impedindo-os de retornar ao estado de repouso e, deste modo, reduzindo o número de canais funcionais disponíveis para gerar potenciais de ação.
Inibição da função dos canais de sódio e cálcio

 Inibição da função dos canais de cálcio

Vários antiepilépticos têm efeitos menores sobre os canais de cálcio, mas somente a etossuximida bloqueia especificamente o canal de cálcio tipo T, cuja ativação supostamente desempenha algum papel na descarga rítmica associada às crises de ausência. A gabapentina atua sobre os canais de cálcio tipo L por ligação a subunidade alfa2delta, mas não se tem certeza se isto é importante para as propriedades antiepilépticas. 


segunda-feira, 6 de junho de 2016


    O QUE É EPILEPSIA?
A epilepsia é uma alteração muito comum, caracterizada por convulsões, que assumem várias formas e decorrem de despolarizações neuronais episódicas; o tipo de convulsão depende de cada parte do cérebro afetada. A epilepsia afeta 0,5% - 1% da população. Muitas vezes, não há causa reconhecida, embora ela possa desenvolver-se depois da lesão cerebral, como trauma, ou ainda de outros tipos de doença neurológica.



TIPOS DE EPILEPSIAS
Existem duas categorias principais, a saber, crises parciais e generalizadas, embora haja certa sobreposição e muitas variedades de cada. Cada forma é classificada como simples ( se não ocorrer perda da consciência) ou complexa ( quando ocorre perda da consciência)

Crises Parciais.

As convulsões parciais são aquelas em que a despolarização inicia-se localmente e costuma assim permanecer. Os sintomas dependem da região ou regiões cerebrais envolvidas e incluem contrações musculares involuntárias, experiências sensitivas anômalas ou despolarização autonômica, ou efeitos sobre o humor e comportamento. Em alguns indivíduos, a convulsão parcial pode durante crises, transforma-se em convulsão generalizadas.

Crises Generalizadas.

As crises generalizadas envolvem o cérebro inteiro, inclusive o sistema reticular, produzindo atividade anômala em ambos hemisférios. A perda de consciência imediata é característica das convulsões generalizadas Existem muitos tipos de crises generalizada  -- duas categorias importantes são as tônico-clônicas (que consiste em forte contração inicial da musculatura, causando espasmo extensor rígido e até grito involuntário) e as crises de ausência ( ocorrem em crianças; são muito menos dramáticas, mas podem ocorrer com mais frequência que as convulsões tônico-clônicas.